O argentino Carlos Berlocq estava andando pela rua quando viu um anúncio colado no muro: ensino a jogar tênis em 1h30. Esteja no complexo de Flushing Meadows, no bairro de Queens, Nova York, Arthur Ashe Stadium, quinta-feira, 1º de setembro, por volta das 20h. Assinado: Novak Djokovic.
Ninguém cairia naquela propaganda enganosa, mas Carlos Berlocq era um poliana, ele acreditava no lado bom das pessoas e, por isso, resolveu conferir. Lá chegando, deu de cara com um imponente estádio e ficou um pouco intimidado. Mas resolveu perguntar ao segurança: "Mr, I came here for a tennis class with the instructor Novak Djokovic" Muito educado, o segurança o conduziu até um vestiário bastante luxuoso, onde Berlocq encontrou tudo que precisava, além de massagistas, fisioterapeutas, enfim, uma equipe completa para atendê-lo.
Berlocq, ainda meio ressabiado, resolveu vestir aquele uniforme que estava pendurado no armário. "Bermuda xadrez?", se perguntou. Ah, o que é que tem? viu, então, uma bela bolsa, cheia de raquetes dentro. Resolveu pegar uma e começou a imitar os movimentos de um tenista diante do espelho. Isso. Agora um back-hand. Um pouco tímido, olhou para os lados e, ao se encher de coragem, ensaiou até uns gemidos. "Ãn, ãn, ãn..."
Carlos Berlocq parecia um garotinho vestido para o primeiro dia de aula, com aquela bermudinha xadrez, uma sacola (cheia de raquetes no lugar dos livros) e um boné branco. Lá fora, ele ouvia alguns gritos e aplausos. O que aconteceria? "Mr Berlocq?", alguém perguntou. "It's time". "All right", ele respondeu, tentando fazer um ar confiante.
Depois de atravessar um longo corredor, Berlocq pisou na arena e quase não acreditou no que via. Era um estádio imenso, com cerca de vinte mil pessoas nas arquibancadas, que olhavam para ele e aplaudiam, como quem aplaudiria um cristão que pisa nas areias do Coliseu. O que seria aquilo? Do outro lado de uma bela quadra de tênis, com seu piso azul, Berlocq avistou um sujeito vestido de preto, que o lembrou o Steve Vai naquele filme "A encruzilhada". Seria o diabo?
Seria, Berlocq. Seria. Um pouco tímido, Berlocq começou os aquecimentos. Até que ele mostrou um certo manejo da raquete. Mr Djokovic, então, fez um sinal, como se fosse o imperador de Roma, e rufaram-se os tambores. "Let's begin".
Começou a partida, ou melhor, a aula, no Arthur Ashe Stadium. E a promessa do cartaz fora cumprida à risca. Uma hora e meia depois, Carlos Berlocq havia recebido uma aula de tênis como jamais receberá: 6-0; 6-0; 6-2. Precisa falar sobre o jogo?
Brasileiros e brasileirinhas em ação
Hoje temos, em quadra, o jogo do Rogerinho contra Alex Bogomolov Jr. É pedreira, mas, como diria Obama: "Yes, we can". O jogo será na quadra 17, depois do jogo do Wawrinka, chuto que lá pelas 16h, horário de Brasília.
A melhor dupla do Brasil, Bruno Soares e Marcelo Melo, enfrenta a dupla britânica Jamie Delgado e Jonathan Marray, no primeiro jogo da quadra 11, por volta do meio-dia, horário de Brasília.
Também no primeiro jogo da quadra 15, meio-dia, portanto, Franco Ferreiro, ao lado do português Rui Machado, tem uma pedreira pela frente. Eles enfrentam a dupla espanhola Marcel Granollers e Marc Lopez, cabeças-de-chave número 13 do torneio.
Por fim, as brasileirinhas Laura Pigossi e Beatriz Haddad estreiam no qualifying da categoria júnior do torneio de simples feminino do US Open. A Laura enfrenta a norte-americana Tristen Dewar e a Bia enfrenta a também norte-americana Natalia Maynetto. Força, meninas!
Destaques do dia
Hoje se fecha a segunda rodada da chave masculina do Us Open, se o tempo continuar colaborando. Temos fé que sim. Destaque para os seguintes jogos:
Chave feminina - já pela terceira rodada:
Vera Zvonareva vs. Anabel Medina Garrigues;
Maria Sharapova vs. Flavia Pennetta;
Samantha Stosur vs. Nadia Petrova.
Chave masculina:
Rafa Nadal vs. Nicolas Mahut;
Andy Roddick vs. Jack Sock;
John Isner vs. Robby Ginepri;
Andy Murray vs. Robin Haase;
Juan Martin Del Potro vs. Diego Junqueira;
David Ferrer vs. James Blake;
Ivan Ljubicic vs. David Nalbandian;
Juan Ignacio Chela vs. Steve Darcis.
Ou seja, tem muita coisa boa. Aos sortudos e aos desocupados que podem ficar na frente da telinha o dia inteiro, divirtam-se, porque tem tênis, praticamente, do meio-dia até pra lá de meia-noite, dependendo da duração dos jogos noturnos.
Em tempo
A aula do Nole sobre Berlocq me deixou tão atordoado que eu esqueci de comentar duas coisas importantes: primeiro, a surpreendente vitória de Juan Carlos Ferrero sobre Gael Monfils, no melhor jogo até agora do US Open 2011. Fico muito feliz ao ver o Ferrero jogando bem. Segundo, a surra que Marin Cilic deu em Bernard Tomic. Cilic, depois de despachar sem dó o novo queridinho do tênis norte-americano, Ryan Harrison, não tomou conhecimento do jovem australiano, a quem se esperava muito, após chegar às quartas-de-final em Wimbledon. Parabéns ao Cilic. Vida longa pra você (xi, mas agora ele pega o Federer...),