quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Papo de Cozinha

A bolinha está esquentando no US Open. Hoje à tarde, dois cabeças-de-chave disseram adeus no masculino: Llodra tomou uma surra do ótimo tenista sul-africano Kevin Anderson e Radek Stepanek perdeu para o argentino Juan Monaco, tendo abandonado depois de perder os dois primeiros sets e ter o serviço quebrado no terceiro. Aliás, eu fui duramente criticado pelo cozinheiro do restaurante argentino aqui do lado de casa, ao dizer que Juan Monaco era um tenista "nível Saretta".

- Fique o senhor sabendo - ele me dizia, com forte sotaque e cara de poucos amigos - que Juan Monaco já foi 14º do ranking, tendo chegado perto do top ten. Ele é muito mais tenista que Flávio Saretta jamais soñou em ser.

Eu tentei argumentar que Juan Monaco já não era mais nenhum garoto e nunca tinha passado sequer das oitavas-de-final de um torneio Grand Slam (chegou nessa fase apenas duas vezes: em Roland Garros e no US Open de 2007, sua melhor temporada), mas o cozinheiro não quis nem escutar, dizendo que eu não entendia nada, buljufas, patabinas de tênis.

OK, vamos torcer para Juan Monaco chegar mais longe, eu disse, após tentar contemporizar, reconhecendo minha admiração pelo tênis argentino. Falando nisso, Del Potro deu mostras de que está plenamente recuperado de sua última contusão. Acho que ele pode surpreender e ir bem longe no torneio. "Ah, o Del Potro é un excelente tenista", concordou o cozinheiro.

Depois disso eu pedi um ojo de bife e uma garrafa de Malbec. Muito boa a comida. Elogiei efusivamente, mas logo, entre uma garfada e outra e um gole e outro, não resisti e perguntei o que havia acontecido com Gillermo Coria. O cozinheiro, que estava orgulhoso com a minha aprovação da qualidade da comida e da categoria de Del Potro, fez uma cara triste e disse, cabisbaixo: "Prefiro não falar desse triste assunto".

Saí de lá satisfeito e prometi: 1-nunca mais comparar Juan Monaco com Saretta; 2-nunca mais falar de Guillermo Coria; 3-voltar lá e experimentar "meu bife de chorizo, uma obra-prima, comparável apenas à categoria de um Roger Federer".

Quem sabe 2009 não se repete, quando Del Potro surpreendeu o mundo ao superar Federer naquela final antológica de US Open, "un dos días más felices de mi bida", exclamou Javier.

Não sei se isso se repetirá, mas eu repetirei minhas idas a esse restaurante várias e várias vezes.

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