Sinto muito, caros ativistas. Não se trata de um texto sobre a miséria, a pobreza, a corrupção, que corroem nosso querido continente. Sinto desapontá-los, mas este espaço eu uso pra falar de esporte. Para falar de assuntos mais importantes eu deixo com pessoas mais gabaritadas.
Refiro-me, pois, à situação dos tenistas sul-americanos. Não, não estou falando sobre a falta de incentivo, sobre a elitização do esporte, sobre a dificuldade a que enfrentam os jovens tenistas. Também não estou gabaritado para isso. Sinto muito.
De que raios, então, estou falando? Simplesmente, ao bisbilhotar o novo ranking da ATP, constatei algo triste (eu sei, tão triste quanto comum, mas...). O tenista sul-americano melhor ranqueado é o argentino Juan Martin Del Potro, em 17º. Podia ser melhor, não?
A Argentina é, sem dúvida, a maior potência sul-americana no tênis, estando, inclusive, na semifinal da Copa Davis. Mas, atualmente, tem apenas seis tenistas top 100: Juan Martin Del Potro (17); Juan Ignacio Chela (24); Juan Monaco (27); Carlos Berlocq (68); David Nalbandian (74) e Diego Junqueira (94). Podia estar melhor.
O Brasil está atualmente com dois tenistas no top 100: Thomaz Bellucci (38) que esta semana caiu mais três posições e João Souza, o Feijão, que subiu duas e está em 87º. Mais ou menos ali perto estão Rogerinho (113) e Ricardo Mello (120). Ô se podia estar melhor.
Quem mais da América do Sul aparece no top 100?
Quem mais da América do Sul aparece no top 100?
Santiago Giraldo, da Colômbia, em 52º (Alejandro Falla está em 114º) e Pablo Cuevas, do Uruguai, em 53º.
Só? Pra você ver, o Chile, que já teve o nº 1 Marcelo Ríos, não tem nenhum tenista atualmente no top 100. Nem o já veterano Fernando González, atualmente apenas o 297º do ranking. Tá certo qua Paul Capdeville é o 101º, se alguém espirrar ele entra. Mas o momento não é bom pra nós.
A lista completa de tenistas sul-americanos entre os top 100, então, é:
17- Juan Martin Del Potro (ARG);
24 - Juan Ignacio Chela (ARG):
27 - Juan Monaco (ARG);
38 - Thomaz Bellucci (BRA);
52 - Santiago Giraldo (COL);
53 - Pablo Cuevas (URU);
68 - Carlos Berlocq (ARG);
74 - David Nalbandian (ARG);
87 - João Souza (BRA);
94 - Diego Junqueira (ARG).
Dez tenistas, só quatro entre os quarenta melhores.
Vamos comparar com a França:
7- Gael Monfils;
10 - Jo-Wilfried Tsonga;
11 - Gilles Simon;
15 - Richard Gasquet;
33 - Michael Llodra;
67 - Adrian Mannarino;
71 - Julien Benneteau;
90 - Nicolas Mahut.
Oito tenistas franceses entre os cem melhores. Só a Espanha tem 14 no top 100. Os EUA têm nove. A Sérvia tem três, mas, além do número 1 Djokovic, está com outros dois entre os vinte melhores: Tipsarevic, com a chegada às quartas-de final do US Open, pulou para 13º, e Viktor Troicki é o 16º. Não à toa, a Sérvia é a atual campeã da Davis. Afinal, como se não bastasse, tem o grande Nenad Zimonjic, um exímio duplista.
É bem verdade que Delpo logo estará de volta ao top 10. Tenho certeza disso. Nalbandian também gosta de brincar de sobe-desce e ainda acredito nele para voltar à lista dos vinte melhores. Quanto a Chela e Monaco, não acredito que subam muito mais. Os outros sul-americanos que aparecem na lista dos cem melhores são bons tenistas, mas não vejo mais nenhum para figurar entre os top 20. Já pensei que Bellucci poderia chegar lá (ainda pode) e, hoje, tenho sérias dúvidas quanto a isso, porque falta a ele o equilíbrio emocional. Equilíbrio, minha gente, é tão importante para o tenista quanto o ar que ele respira. Entonces, acho que isso atrapalhará bastante a carreira do tenista de Tietê.
Dácio Campos anunciou o programa de bolsa a quinze jovens tenistas, garotos e garotas, que o Ministério dos Esportes liberará visando às Olimpíaddas de 2016. Os detentores da "bolsa-tenista" serão supervisionados por Guga e Larri. Parece pouquíssimo para quem pretende popularizar o esporte, mas não tem jeito, qualquer esporte só emplaca com resultados e nós precisamos urgentemente de um tenista, ou uma tenista, entre os top 10. Quando isso acontecer, espero que não desperdicemos, como desperdiçamos a Guga-mania.
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