Ainda bem que ninguém lê esta porra. De verdade. E, àqueles gatos pingados que por ventura tenham esbarrado neste sítio, peço, encarecidamente, que, assim como disse aquele famoso sociólogo, esqueçam o que eu escrevi até então. Passemos uma borracha. Comecemos do zero.
Vamos lá, então. Olá, senhoras e senhores. Estou inaugurando este blógui para dizer qualquer merda, preferencialmente, sobre o meu esporte favorito: ficar em frente ao sofá, assistindo a tudo o que é esporte. Enquanto Usain Bolt se arrebenta de correr, Michael Phelps se arrebenta de nadar e tantos outros atletas se arrebentam em campo, quadra, pista, água ou ar, eu fico aqui, belo e formoso, a torcer, enquanto encho a cara de cerveja e me empanturro de salgadinhos dos mais gordurosos.
Agora que começamos do zero, devo dizer que o esporte que mais tem me agradado ultimamente é o tênis, como o arquivo morto pode demonstrar. Também pode demonstrar esse mesmo arquivo morto que, apesar de gostar muito de tênis, eu não entendo porra nenhuma do esporte. Não que eu entenda porra alguma de qualquer outra modalidade, mas, o fato é que eu não tenho nenhuma intimidade com a raquete, poucas vezes tentei jogar tênis e foi catastrófico. A única coisa que eu aprendi mais ou menos foi a colocar a bolinha no bolso. Mesmo assim, quase provoquei um acidente.
Porra, já estamos no quarto parágrafo e eu ainda não falei do que interessa. E o que interessa? A final do US Open de ontem, entre Novak Djokovic e Rafael Nadal. Nada mais no esporte é relevante diante de um evento como aquele. Que me desculpem todos os outros atletas do planeta.
Pois é, o jogo de ontem me fez ter vergonha das merdas que eu andava escrevendo sobre tênis. Por isso, pensei: vamos começar tudo de novo, aproveitando que ninguém aparece por aqui mesmo.
Tudo começou com a chuvarada da semana passada em Flushing Meadows, que obrigou os organizadores do US Open a passar a final do masculino para segunda-feira. Tudo bem, meus amigos, mas tinha que ser às 18h, horário local? Isso fez com que a partida entre Rafa e Nole começasse às 17h por aqui, o que me fodeu. Me fodeu porque eu trabalho em São Paulo e moro em Santos. Pego o fretado às 18h e chego em casa por volta de 20h. Minha mulher, que é uma santa, disse: eu envio torpedos esporádicos avisando como andam as coisas.
Lá estava eu na estação Santos-Imigrantes quando chega a primeira mensagem: 2-2, Rafa sacando. Até agora, tudo certo. De repente: Djoko 5-2, sacando para fechar o primeiro set; fechou 6-2. O torpedo seguinte anunciou: Djoko 4-2 no segundo set; e, Djoko fecha o segundo em 6-4.
Cheguei em casa esbaforido, às 19h50, e encontrei minha mulher com a TV ligada e o celular na mão. "Eu já ia mandar uma nova mensagem: está 3-2 pro Djoko, ele sacando". Eita, que mulher maravilhosa que eu tenho. E ela nem gosta de tênis.
Finalmente no meu querido sofá, comecei a assistir ao espetáculo de ontem. Rafa devolveu a quebra e começou a vibrar muito. Provavelmente ele estava tentando se motivar porque, até então, o Djoko estava avassalador. Apesar do grande esforço do espanhol, Djoko quebrou de novo e fez 6-5. Sacaria para o título, seu primeiro em Flushing Meadows.
Foi aí que o Nadal mostrou que é foda. O Nadal é um tenista que só morre depois do tiro de misericórdia. Mesmo ferido no chão, sangrando, fodido, com as tripas saindo, ele não desiste. E, se o oponente não der aquele tiro na cara pra acabar com a história, o Nadal é capaz de se recuperar e matar seu adversário. Bruce Willis é o caralho. Duro de matar é esse tal de Rafa que, num game sensacional, devolveu a quebra e levou o terceiro set para o tie-break. No tie-break, Rafa, muito motivado, não deu chance, e forçou o quarto set.
O pobrema é o seguinte parceiro. Se o Nadal é foda, Djoko é o cara. He's my man, baby. Qualquer ser humano normal teria muita dificuldade para voltar para o jogo. Por quê? Porque o Djoko teve todas as chances de ganhar em três sets. Inevitável começar a pensar: caralho, a essa hora eu já estaria bebendo champagne e ganhando beijos da minha bela namorada. Em vez disso, estou aqui, diante desse osso duro de roer que não para de tirar a cueca da bunda.
Além disso, imagina a motivação do Nadal pra onde foi. No tênis é assim: se um desce o outro sobe. Ainda mais quando falamos de caras como esses dois moooooooooooooooonstros, como diria meu amigo Bruno Mooooooooooooooonstro.
Djoko provou ontem que, no momento, não tem pra ninguém. Antes de começar o quarto set, ele pediu atendimento médico, por conta de dores na lombar. Comentários de Dácio Campos: Se for pro quinto set, será que ele tem gasolina pra aguentar, amigão? Quinto set uma pinoia. Djokovic, simplesmente, atropelou o Nadal no quarto set. Ele entrou babando, quebrou duas vezes o saque do espanhol e não deu a menor chance. Ao quebrar o saque do Rafa pela segunda vez, o sérvio bateu no peito como quem diz: ninguém no universo tira esse título de mim.
Resultado: 6-1 no quarto set e Djoko leva seu quarto Grand Slam da carreira, o terceiro só neste ano incrível, soberbo, impressionante, de 64 vitórias e apenas duas derrotas; de 10 títulos, sendo três de Grand Slam e cinco de Masters 1.000; de seis vitórias em finais sobre o Rafa, esse touro miura que não desiste nunca (apesar de não ser brasileiro).
O que mais podemos falar, meus amigos? Resta-nos aplaudir e só. E beber uma taça de champagne, que ninguém é de ferro. Afinal, depois dessa suadeira toda, eu bem que mereço.
Nenhum comentário:
Postar um comentário