sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Medida anti corpo-mole

Estamos às vésperas da rodada de fogo do Campeonato Brasileiro. Uma lástima, na minha opinião. É muito desmoralizante para um campeonato de pontos corridos ter que rechear sua última rodada com clássicos, no intuito de combater o corpo mole de times que poderiam perder de propósito seus jogos, só para adversários históricos não serem campeões.

Sinceramente, em qualquer campeonato sério, isso sequer seria cogitado. Eu odeio esse papo de que na Europa é tudo lindo e que aqui é uma merda, que no primeiro mundo isso e aquilo e aqui nada. Em geral, esse papo aparece diante de barbaridades e exemplos flagrantes de impunidade que nos acometem aqui no Brasil todos os dias. É um tal de o cara dizer: o Brasil é uma merda mesmo; se fosse na Alemanha...

O fato é que essas pessoas não fazem porra nenhuma pra melhorar. No melhor estilo lucianohuckesco de ser, se perguntam, indignados: eu pago os meus impostos e não tenho nem o direito de sair por aí com o meu Rolex? Mas essas mesmas pessoas jogam lixo pelas janelas de seus carrões, votam em pilantras da área delas, desmatam áreas lindas para construir suas mansões ou hotéis de luxo que lhes renderão mais dinheiro, para elas poderem comprar mais e mais Rolex e, por que não dizer?, ficam putas da vida se o time delas jogar sério numa última rodada de campeonato no caso disso favorecer um rival.

Parece viagem minha, mas está tudo dentro do mesmo pacote. Basta refletir um pouco. Se um time faz corpo mole, ele está lesando torcedores, envergonhando a disputa, fraudando consumidores, em suma, ele está corrompendo o campeonato. E a sua torcida, em muitos casos, apoia, mais que isso, exige que o time entregue o ouro.

Diante dos exemplos dos últimos anos: Corinthians não fazendo esforço algum, em jogo contra o Flamengo, que disputava o título com o São Paulo; São Paulo, no ano seguinte, dando o troco e levando uma goleada em casa do Fluminense que, por sua vez, disputava o caneco com Corinthians e Cruzeiro - o que dizer?

Inclusive, no primeiro exemplo citado, do título do Flamengo, eu lembro que, na última rodada, o rubro-negro enfrentaria o Grêmio, sendo que o Inter ainda tinha chance, em casa de derrota do Flamengo. Os gremistas exigiram que seu time perdesse e ficaram revoltados com o fato de o time ter endurecido a partida, inclusive, tendo saído na frente. O que dizer?

É isso, meu povo. Somos isso. Não adianta dizer por aí que "o Brasil é uma merda". Porque nós somos uns merdas. Nós somos o Brasil. Nós votamos nessa corja que domina o Congresso Nacional; nós dirgimos bêbados pelas ruas das grandes cidades e, ao atropelarmos alguém, fazemos de tudo para nos safarmos; nós trafegamos pelo acostamento; nós sacaneamos o colega de trabalho por uma promoção; nós gostamos muito mais de sacanear o torcedor adversário do que de fato celebrar uma vitória.

Não que essas coisas também não aconteçam no chamado primeiro mundo. É claro que acontecem, porque o ser humano é escroto mesmo. No Brasil, apenas existe um "plus", como gosta de dizer minha mulher, que é o fato de o sistema punitivo para ações que lesem a sociedade funcionar apenas para quem não tem grana. Possuímos uma justiça sencitária, uma polícia preconceituosa, desigualdade aliada à impunidade (vide Cacciola saindo pomposo da cadeia ontem). Vivemos num país que considera um pivete mais perigoso que um banqueiro ladrão.

Bom, eu sei que viajei longe. Não tive uma semana muito boa e, ainda por cima, deixei cair patê de cebola no meu maravilhoso sofá. Mas está lançado o meu protesto: não acompanherei essa "super-rodada" do Campeonato Brasileiro. Torcerei, apenas, em silêncio, pelo América do grande Givanildo. Avante, Coelho!


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