Em qualquer esporte, do curling ao hipismo, todos (inclusive os cavalos) preferem competir em casa. Porque estão perto da torcida, porque estão habituados com o ambiente, porque não precisam se desgastar com uma viagem e por outras razões que a nossa vã filosofia desconhece.
É fato: quem joga em casa tem vantagem. Comigo, atleta profissional de sofá, não é diferente. Eu pratico muito melhor a minha modalidade em casa. Porque estou perto da minha geladeira, porque estou habituado com o meu sofá, porque me sinto à vontade.
No último fim de semana, porém, tive que visitar outros ambientes, o que prejudicou e muito minha performance. A começar pelo sábado, em que, por estar fora, não tive como assistir nem às semifinais do Masters de Cincy nem à final do sub-20. Fiquei sabendo das coisas depois do ocorrido.
Confesso ter ficado surpreso com a vitória de Andy Murray sobre Mardy Fish, como eu já tinha ficado bastante surpreso com a vitória de Berdysh sobre Federer na sexta. Sobre a vitória de Berdysh inclusive, tenho a dizer que consegui assistir ao primeiro set e o segundo até o 4-3 para o Federer sem quebra, num boteco próximo ao meu trabalho, tomando um chopinho delicioso, antes de pegar o busão rumo a Santos, meu lar, doce lar. Até onde eu vi, foi uma belíssima atuação do Berdysh. Foi um jogo do gato correndo atrás do rato. Berdysh confirmava facilmente seus serviços, enquanto Federer suava nas calças e passava altos apuros ao sacar.
Domingão, de volta ao lar, ao meu querido sofá, aí sim: assisti à final de Cincy, com Djokovic completamente esgotado, ainda conseguindo se arrastar até o fim do terceiro game do segundo set, quando já havia sido quebrado por Murray duas vezes. Pois é, no tênis, quanto mais se ganha, mais se joga e, de tanto ganhar, Nole se arrebentou. Espero que, daqui a uma semana, ele esteja inteiro para jogar o US Open.
Depois eu ainda assisti ao empate entre São Paulo e Palmeiras e tentei ver Bahia e Santos. Mas, assim como Nole, eu também estava completamente esgotado e caí num sono profundo, logo no início da partida. No esporte que eu pratico, o "sofaísmo", acontece como no tênis. Quanto mais você "ganha", mais você quer "jogar". E chega uma hora em que, finalmente, o sofá te derruba, ou sua mulher pede o divórcio. Portanto, aconselho a todos: pratiquem com moderação.
Nesta semana tentarei me poupar para o US Open. Portanto, não esperem grandes atuações.
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