quinta-feira, 25 de agosto de 2011

O câncer do futebol brasileiro

Os parasitas estão sempre à solta. E se multiplicam rapidamente. Parasitas são seres que vivem de sugar a energia alheia, sem eles próprios produzirem nada.

Essa é a definição precisa de muitos dos tais empresários do futebol. Eles estão matando os jogadores já em sua base, no momento de formação. O treinador Muricy Ramalho, em entrevista ao canal ESPN Brasil alertou que, nas categorias inferiores dos grandes clubes, os tais empresários e alguns cartolas já estão dominando tudo, não permitindo que o treinador faça um trabalho de peneira, tão importante para a qualidade do futebol e para o futuro de milhares de jovens.

Você chega lá na base, conta o Muricy, e existem sessenta, setenta garotos no time. E o treinador fica perdido, porque não tem como lidar com tanta gente e, ao mesmo tempo, não tem autonomia para chegar num garoto e dizer: vai estudar, vai fazer outra coisa na vida, já que esse é "jogador do dirigente tal" e aquele é "jogador do empresário tal".

E o pior. Esses maus empresários são grandes responsáveis pela "deseducação" do jogador brasileiro, primeiro porque eles não querem que o atleta pense (atleta pensante é um perigo); segundo, porque eles enchem a cabeça dos meninos de sonhos, dizendo que "o Real Madrid te quer", que "você é craque, vai arrebentar" e eles já crescem pensando que são pop stars, que assim que ganharem algum dinheiro, devem sair por aí comprando carrão, óculos italiano e corrente de ouro.

É uma merda, mas esses canalhas estão matando o futebol brasileiro na raiz. É muito triste. Eu já tinha ouvido falar que, na base do Corinthians, já está tudo "loteado" pela cartolagem. Ora, isso é como colocar a raposa pra cuidar do galinheiro. É óbvio que o dirigente-empresário, essa figura híbrida que não deveria existir, vai cuidar dos próprios interesses em lugar de defender o patrimônio do clube. Ele vai querer mais é faturar em cima às custas da estrutura do clube ao qual ele deveria servir.

E a consequência disso tudo? Primeiro, o futebol perde qualidade, uma vez que o treinador da base não consegue trabalhar com tanta gente e fica difícil garimpar craques no meio de tanto filhinho de dirigente, protegidinho do cartola fulano, criazinha do empresário beltrano; segundo, cada vez mais o Brasil se transporta num feroz exportador de jogadores, uma verdadeira colônia de exploração que envia a molecada para tudo que é buraco deste planeta, enfraquecendo a qualidade do campeonato nacional e enfraquecendo os próprios clubes que, ao se livrarem do próprio patrimônio antes da hora, deixam de faturar milhões (adivinha no bolso de quem vão parar esses milhões?)

Pode parecer absurdo dizer isso num momento em que o Brasil acaba de ser campeão mundial sub-20 pela quinta vez. Mas pode acreditar que a situação está ficando gravíssima e o Brasil já está ficando muito pra trás de países como Espanha, Holanda e França (e atenção ao México) no quesito formação de jogadores. A nossa "sorte" (que infelizmente também é a sorte desses parasitas) é que existe uma abundância incrível de meninos bons de bola no Brasil, o que faz com que, mesmo com essa merda toda, ainda se consiga formar boas seleções na base. E eu coloquei sorte entre aspas porque isso acaba acobertando a sujeira que esses mafiosos do futebol estão fazendo.

Fica o alerta do Muricy. Se nada for feito, se os clubes não investirem numa estrutura mais sólida e profissional para os meninos da base, o futuro do futebol brasileiro não será nada animador. Livrem-se dessas ervas daninhas que se dizem corintianos, são-paulinos, flamenguistas, vascaínos, atleticanos etc. que, na verdade, só querem faturar em cima do futebol da molecada. Eles estão pouco se fodendo para os clubes. Eles torcem é para a grana no bolso deles. Enfim, são parasitas, pois não produzem nada, não trazem nenhum benefício a ninguém a não ser a eles mesmos e exploram o esforço alheio.

Está mais do que na hora de profissionalizar o futebol brasileiro. E isso não é feito porque essa corja não deixa. É claro, se o futebol brasileiro fosse profissionalizado, não haveria espaço para pessoas que não acrescentam em nada, não servem para nada, a não ser para encher o próprio cu de dinheiro.

Para terminar, eu quero dizer que não sou contra empresário no futebol, ou agente, ou outro nome que se queira dar. É bom essa figura para cuidar, efetivamente, do interesse do jogador profissional (e não do moleque de treze, catorze anos) para que o atleta possa se concentrar em jogar bola. Mas o empresário tem que defender os verdadeiros interesses do jogador e não os próprios interesses, como nós vemos acontecer tanto.

Por exemplo: será que era do interesse de um jogador como o André Santos, que estava no Corinthians e tinha chance de ir para a Copa do Mundo, ser vendido para a Turquia? Será que era do interesse do André, ex-Santos a atual jogador do Atlético Mineiro, que estava vivendo um bom momento, sendo convocado para a Seleção, ser vendido para a Ucrânia? Será que seria do interesse do Ganso ser vendido para a Europa num momento de incerteza, em que ele acabava de retornar de lesão? É normal você vender as suas ações quando elas estão em baixa, como bem disse o presidente do Santos?

Exemplos como esse nós podemos dar aos montes. São empresários que enchem a cabeça dos jogadores de sonhos e, na verdade, só estão de olho na comissão. Eles querem vender rápido, faturar agora e já pensar no próximo garoto que eles vão pegar e mandar com dezessete, dezoito anos, para a Finlândia, Turquia, Indonésia, não interessa.

Cuidado, torcedor brasileiro. Quem está pagando a conta é você. E quem está assistindo a um espetáculo de cada vez pior qualidade é você. Sim, você está pagando cada vez mais caro por um produto cada vez pior. No fundo é isso. E não compre o discurso da abundância de recursos naturais, porque já conseguiram, com esse papo, destruir a mata atlântica, o cerrado e estão se empenhando para acabar com a Amazônia. Parasitas, se deixar, destroem tudo sem dó.


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